domingo, maio 15, 2011

“SUPERMARKET IN CALIFORNIA”

“SUPERMARKET IN CALIFORNIA”
What thoughts I have of you tonight, Walt Whitman, for I walked down the sidestreets under the trees with a headache self-conscious looking at the full moon.
(Que pensamentos que eu tenho de você esta noite, Walt Whitman, por ter caminhado nas calçadas sob as árvores com enxaqueca consciente a mirar a lua cheia. )
In my hungry fatigue, and shopping for images, I went into the neon fruit supermarket, dreaming of your enumerations!
(No meu faminto cansaço, e a comprar imagens, eu fui no supermercado das frutas de néon sonhando com tuas enumerações! )
What peaches and what penumbras! Whole families shopping at night! Aisles full of husbands! Wives in the avocados, babies in the tomatoes!--and you, Garcia Lorca, what were you doing down by the watermelons?
(Que pêssegos e que penumbras! Famílias inteiras comprando à noite! Corredores cheios de maridos! Esposas nos abacates, bebês nos tomates! - e você, Garcia Lorca, o que você estava fazendo perto das melancias? )
I saw you, Walt Whitman, childless, lonely old grubber, poking among the meats in the refrigerator and eyeing the grocery boys.
(Eu vi você, Walt Whitman, sem filhos, velho vagabundo solitário, apalpando as carnes no frigorífico e olhando os garotos da mercearia.)


I heard you asking questions of each: Who killed the pork chops? What price bananas? Are you my Angel?
(Eu ouvi você fazendo perguntas do tipo: Quem fatiou as costeletas de porco? O preço das bananas? Você é meu anjo? )
I wandered in and out of the brilliant stacks of cans following you, and followed in my imagination by the store detective.
(Eu vaguei dentro e fora das brilhantes pilhas de latas seguindo você, e seguido na minha imaginação pela provisão detetivesca.)
We strode down the open corridors together in our solitary fancy tasting artichokes, possessing every frozen delicacy, and never passing the cashier.
(Nós caminhamos juntos pelos corredores abertos em nossas suculentas solitárias alcachofras, extravagante, possuindo todos os congelados deliciosos, e nunca a passar pela caixa registrador.)
Where are we going, Walt Whitman? The doors close in an hour. Which way does your beard point tonight?
(Para onde estamos indo, Walt Whitman? As portas fecham em uma hora. Qual direção que sua barba aponta, hoje à noite?)
(I touch your book and dream of our odyssey in the supermarket and feel absurd.)
(Toco o seu livro e sonho com nossa odisséia no supermercado e me sinto absurdo.)
Will we walk all night through solitary streets? The trees add shade to shade, lights out in the houses, we'll both be lonely.
(Caminharemos toda a noite por ruas solitárias? Sob árvores, somam sombras às sombras, luzes apagadas nas casas, ambos estaremos sós.)
Will we stroll dreaming of the lost America of love past blue automobiles in driveways, home to our silent cottage?
(Passearemos sonhando com a América perdida do amor passando pelos automóveis azuis nas vias expressas, o lar de nossa casa silenciosa? )
Ah, dear father, graybeard, lonely old courage-teacher, what America did you have when Charon quit poling his ferry and you got out on a smoking bank and stood watching the boat disappear on the black waters of Lethe?
(Ah, caro pai, da barba grisalha, velho solitário professor de coragem, o que a América que você tinha quando Caronte saiu engrenou sua balsa e Você saiu de um banco de fumaça e ficou vendo o barco desaparecer nas negras águas do rio Lethe?)
Berkeley, 1955. By Allen Ginsberg (tradução: Denilson Santos)

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