Penso, logo existo! (Um educador se educando)
A partir do momento que somos estimulados a reagir com o que nos cerca, somos forçados a aprender como a percepção de onde estamos é necessária para nossa sobrevivência. No período de gestação, nascimento e até o fim da vida do indivíduo a faculdade de percepção serve como ponte para o aprender.
Minhas mais antigas memórias me levam ao tempo em que minha avó (mãe solteira com três filhos) minha mãe (também mãe solteira mas, ostentando quatro filhos dos sete que pariu) e meu tio, morávamos numa humilde casa alugada de dois quartos, banheiro artesanal, fogão à lenha, camas de segunda mão (às vezes doadas até) com colchões de capim seco e nosso luxo era um liquidificador e uma televisor preto e branco que, na época da década de oitenta, eram itens de luxo nos lares C,D e z...
Minha mãe trabalhava como merendeira (cozinheira de uma escola pública) e nos finais de semana lavvaa e passava roupas à ferro de brasa por encomenda. Meu tio, então adolescente, fazia bicos e era ajudante nos sítios da vizinhança. Porém minha avó sempre estimulava seus netos a nunca faltarem aula na escola, pois por pura necessidade, desistira de forçar os três filhos (minha mãe meu tio e minha tia. Está última aos nove anos de idade partira para morar com seus tios no rio de Janeiro)a continuarem estudando.
Além de aprender com meus familiares, na escola, o conceito de questionamento e de mundo crescia continuamente, em mim. Além do sentimento de crescer, arrumar trabalho e ajudar ainda mais minha família crescia também a curiosidade/vontade de trabalhar, ser um profissional de “status” como um astronauta, cientista, herói de guerra... que todo pré/adolescente nutria misturando a realidade com jogos infantis.
Mas o que mais me fascinava nas ações extraordinárias do homem (na Medicina, tecnologias, fundamentos e ações teóricas) era que todos estes profissionais tiveram, ou têm, um Mestre, um lecionador um guia. Não era um herói que se destacava dos outros seres por ser um extraterrestre. Era sim, um ser humano,quase anônimo, que tinha o poder chamado PENSAMENTO. E, com este poder, era capaz de concretizar o abstrato. Transpor coisas imagináveis à nossa realidade e romantizar coisas materiais, até mesmo banais...
Pessoalmente, fiquei entre o curso de Letras e Educação Física (optando, afinal, por Letras) após um intervalo de estudos de uma década entre 2001 e 2010, pois por pura necessidade, optei antes a continuar trabalhando para suster com meus irmão, agora, nossas família.
Nesse ínterim , trabalhava dando reforço escolar e aulas e traduções da língua inglesa e numa ONG (na minha favela) ajudada pela UNESCO, dando aulas de reforço a jovens carentes. Ainda também como voluntário técnico, ensinando basquetebol e jogando num time amador da minha cidade.
É inerente ao ser humano a “evolução” e o “evoluir”. E somente se evolui, com seu amado trabalho num mundo democrático/capitalista, após reconhecimento de unidades federais e políticas desconhecidas do povão. Por isso, sucumbi ao sistema, sai da autonomia trabalhista, concorri a uma vaga numa Universidade e,lógico, passei um ano inteiro estudando num curso pré-vestibular noturno, estudando e reciclando minha mente aos moldes do sistema mecânico de exames vestibulares carnavalescos que nosso ministério prover.
A paixão por ser um Educador e aprender a sempre melhorar irá perdurar em mim até o fim de meus dias. Só não sei o que ocorrerá até lá. Mas prefiro evoluir sem competir. A competição desvirtua nossa primordial paixão.
Num mundo competitivo, cheio de regras, ou nos adequamos às regras ou lutamos, solitários, ignorando-as... mas todos querem evoluir. Querem seu lugar ao sol. Todos querem sobreviver.
Denilson Santos silva
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